Tão marcantes na paisagem carioca, as favelas guardam ricas memórias, muitas vezes desconhecidas da maioria dos moradores do Rio. A exposição fotográfica ‘Morro da Favela à Providência de Canudos’, que será exibida no Espaço Cultural BNDES, no Centro, a partir do dia 24 de maio, se propõe a contar uma dessas histórias: a origem da primeira favela do Brasil, o Morro da Providência, que completa 120 anos em 2017, e sua ligação com a Guerra de Canudos, que ocorreu na Bahia, entre novembro de 1896 e outubro de 1897. O material é fruto do trabalho do fotógrafo autodidata nascido e criado na Providência, Maurício Hora.
A formação do Morro da Favela, atual Morro da Providência, teve início no fim de 1897, com o retorno de ex-combatentes de Canudos ao Rio. A Guerra de Canudos envolveu, de um lado, os habitantes do Arraial de Canudos, na maioria jagunços, sertanejos pobres e miseráveis, e fanáticos religiosos liderados pelo beato Antônio Conselheiro. Do outro lado, as tropas do governo baiano com apoio de soldados do Exército enviados da capital federal.
O sangrento combate terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra e o incêndio de todas as casas do arraial. Os soldados que sobreviveram foram trazidos para o Rio. Sem apoio, improvisaram alojamentos na encosta do morro localizado nos arredores do Saco dos Alferes, na área lateral à Central do Brasil. Ali, iniciaram o povoamento que ficaria conhecido comoMorro da Favela – uma referência tanto ao morro de mesmo nome existente em Canudos e usado para atacar o vilarejo durante a guerra, quanto ao arbust"Faveleira"(Cnidoscolusquercifloius), bastante comum no sertão baiano.
Não se sabe ao certo quando foi que o morro começou a ser chamado de Providência. Tal classificação passou a ser difundida oralmente pelos moradores e, a partir da década de 1930, encontram-se registros nos documentos oficiais da cidade. Maurício Hora conta que começou a desenvolver o projeto em 2013, quando dois acontecimentos fizeram com que as histórias de Canudos e do Morro da Providência se entrelaçassem novamente:
“De um lado, a seca rigorosa que se estendeu pelo sertão baiano fez reduzir o nível de água do açude construído em cima do antigo vilarejo de Antônio Conselheiro, trazendo à tona as ruínas do cenário da guerra; de outro lado, as obras de revitalização da Zona Portuária carioca rasgaram as ruas e o cotidiano da favela e dos bairros de seu entorno, tornando ainda mais vulnerável a vida por ali”, resume.
O trabalho pode ser conferido até o dia 14 de julho, de segunda a sexta, das 10h às 19h, no Espaço Cultural BNDES. “As fotos privilegiam pessoas comuns em suas rotinas, cenários típicos do cotidiano dos moradores locais (da favela e de Canudos), os aspectos da seca e da vida no sertão baiano contrapostos à realidade da favela carioca urbana”, comenta.
O trabalho pode ser conferido até o dia 14 de julho, de segunda a sexta, das 10h às 19h, no Espaço Cultural BNDES. “As fotos privilegiam pessoas comuns em suas rotinas, cenários típicos do cotidiano dos moradores locais (da favela e de Canudos), os aspectos da seca e da vida no sertão baiano contrapostos à realidade da favela carioca urbana”, comenta.
Ficha técnica:
Fotografia: Maurício Hora
Curadoria: Bruna Azevêdo
Pesquisa e Produção textual:
- Luiz Carlos Torres (Historiador)
- Flávia Carolina da Costa (Antropóloga)
Assessoria Acadêmica: Julia Santos Cossermelli de Andrade (Geógrafa-UERJ)
Confirme sua presença: www.facebook.com/events/1143099622462674/
Serviço: Morro da Favela à Providência de Canudos. Espaço Cultural BNDES - Av. República do Chile, 100 - Centro, Rio de Janeiro (próximo ao metrô Carioca). Segunda a sexta-feira (De 24/05 até 14/07/17), das 10h às 19h – exceto feriados.Visitas guiadas de segunda a sexta às 12h30; quartas e quintas às 18h15. Entrada franca. Informações: www.bndes.gov.br/espacobndes
Fotos: Maurício Hora / Divulgação.
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