Se o escritor e humorista Stanislaw Ponte Preta não tivesse aquele ataque do coração, que causou sua morte, em 1968, não sei do que ele apelidaria o computador. O Stanislaw, Sérgio Porto pros mais íntimos, chamou a televisão de “Máquina de Fazer doido” em seu livro FEBEAPÁ3. Será que ele estaria digitando seus livros num computador ou continuaria com sua velha máquina de escrever?
Por Daniela Calcia*
Febeapá é a abreviatura de Festival de Besteira Que Assola o País. A Internet seria um prato cheio de informações para nosso talentoso escritor criar histórias e personagens cômicos e continuar com o seus festivais.
Nos dias de hoje os jovens não escrevem nem uma palavra completa, imagine um texto. Tudo é mais rápido, globalizado. Ninguém tem paciência de ficar numa fila, mesmo que só tenha uma pessoa na frente. Inventaram o google, o control v, tudo pra ficar mais rápido. Mais rápido pra que?
No programa MSN ou num Chat (sala de bate-papo virtual) as pessoas conversam em tempo real via web. No trabalho, na escola e na faculdade, todos querem estar on-line com amigos e parentes. E na hora de mandar a mensagem, as criaturas escrevem: bjs, rs, td bem, issu, pessual, entaum, kd, xero, pra economizar tempo. Naum intendi?!
A desculpa até serve para beijos, que vira bjs, risos, que se transforma em rs e cheiro que diminui bastante: xero (essa última pode ser herança dos baixinhos que adoravam o Xou da Xuxa). Mas a palavra pessual não muda a quantidade de letras de pessoal, assim como cadê que vira kd. Já então vira entaum, que tem uma letra a mais e com isso demora um segundo a mais para ser digitada.
A questão dos erros de português na Internet pode ter sido a gota d’água. Há muito tempo a televisão ignora a língua portuguesa. Acho que talvez o brasileiro tenha paixão pelo k, y w, já que temos tantas Karinas, Karlas, Suelys, washingtons e até uelintons espalhadas pelo Brasil. Talvez seja uma falta de conhecimento e falta de querer conhecer a língua portuguesa e a nossa literatura. É uma pena. A vida fica muito melhor depois de um FEBEAPÁ ou de uma Tia Zulmira.
*Daniela Calcia é formada em cinema e jornalismo, pesquisadora do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, confira seu perfil no Linkedin:
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OBS: Esta crônica foi escrita originalmente em 17/03/2005.
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