sexta-feira, 18 de abril de 2025

Estimular a leitura inclusiva e acessível na infância é universalizar o poder de emancipação das crianças, diz Carina Alves

No Dia Nacional do Livro Infantil, vencedora do prêmio Confúcio de Alfabetização reforçar também importância de temáticas sobre diversidade


A autora Carina Alves. Foto: Fabiano Cafure


No Dia Nacional do Livro Infantil, realizado em 18 de abril, a escritora Carina Alves, vencedora do prêmio Confúcio de Alfabetização 2022 (Unesco) com o Projeto Literatura Acessível, defende com veemência a importância da leitura na infância como um instrumento de ampliação de conhecimento.

E vai além: ressaltar que promover de fato a leitura inclusiva e acessível na infância é universalizar o poder de autonomia e ampliar o conhecimento sobre diversidade e acessibilidade, na fase mais importante de aprendizagem do ser humano, a infância, especialmente quando as temáticas e os leitores são pessoas com necessidades específicas.   

Estimular a leitura inclusiva e acessível na infância é acreditar na educação como ferramenta potente de conhecimento, no seu poder de emancipação e de incentivo ao pensamento crítico, além de colaborar com o combate à pobreza da subjetividade humana. Quando ampliamos este universo, democratizamos o caminho para um processo mais concreto de educação inclusiva, acessível e diversa. Brincar, cantar, dançar, pintar também são meios igualmente relevantes de formação pedagógica, propiciando impacto direto nas crianças ”, diz Carina, doutora em educação e fundadora presidente do Instituto Incluir, especializado em educação inclusiva há mais de 20 anos .

Conhecimento e acessibilidade na palma da mão

Dados da Nielsen Book Data, empresa que acompanha o mercado de vendas de livros no varejo brasileiro, mostram que o setor editorial infantil cresceu 7%, representando 14% do comércio de livros no país. A primeira brasileira vencedora do prêmio Confúcio de Alfabetização 2022 celebra o movimento do setor, mas acredita também no caminho da democratização do acesso ao conhecimento:

"Saber que houve crescimento do interesse pela literatura infantil é um fato a ser muito comemorado. Sabemos da importância e do poder dos livros na infância. Mas acredito também na democratização do acesso ao conhecimento da educação na perspectiva inclusiva como uma jornada sólida e imprescindivelmente complementar", afirma Carina Alves, que completa:

Meu projeto Literatura Acessível, por exemplo, tem como foco principal a democratização do conhecimento e a acessibilidade. As obras são distribuídas gratuitamente, impressas em braille, pictogramas, escrita simples, QR Code que leva para os formatos em Libras, audiobook, e audiodescrição, com contação das histórias em libras e distribuídas em escolas e bibliotecas públicas, comunidades originárias e em situação de vulnerabilidade socioeconômica, além de estarem disponíveis on-line para que o conteúdo trabalhe na palma da mão de qualquer criança, em todo o país e no mundo”.

Projeto Literatura Acessível

Na série de livros que compõem o projeto Literatura Acessível, os protagonistas são crianças com e sem deficiência ou vítimas de preconceitos sociais, que encontram no esporte, na educação e na cultura caminhos na busca por sua completa emancipação. Os títulos são:

  1. “ A sociedade que temos e a sociedade que queremos”, que conta a história do Joãozinho que é uma criança negra e cega. E tem como sua amiga a Jurema, que é uma menina que usa cadeira de rodas;
  2. “ A menina Potiguara”, que apresenta as aventuras de Anamã, menina potiguara que vive numa aldeia na Paraíba, usa cadeira de rodas e adora surfar;
  3. “ Incluídos e misturados”, que conta a história de Bob, que tem baixa visão e foi reunido pelos colegas no colégio, que adaptaram o futebol para incluí-lo no momento; e
  4. “ Sabrina a Menina Sabida”, que conta a história de uma menina com superdotação, que tem altas habilidades e encontra dificuldades na escola e na sociedade, pois não é compreendida com suas habilidades.

Além da temática inclusiva e otimista, que mostra nossa capacidade de transformação mesmo em um contexto proposto adverso, o grande trunfo da série de livros está no desenho universal da aprendizagem, sobre o que são pensados. Com textos em escrita simples, eles vêm impressos em Braille e contam com pictogramas para facilitar a compreensão das crianças.

Além dos outros seis: ‘O menino que escrevia com os pés’; ‘A princesa que tinha um cromossomo a mais’; ‘Ico e o mundo que queremos construir’; ‘O melhor amigo da bengala’; ‘Meu nome é Bia, sabia?’; ‘A Fábrica de beijos’.

Por meio de códigos QR ou no site e aplicativo, é possível acessar os recursos de audiodescrição e de contato das histórias em libras, que expandem o alcance de seu conteúdo ao público mais diverso possível. Também disponíveis como e-books, os títulos já somam milhões de estudantes impactados. Para mais informações, acesse https://literaturaacessivel.com.br/ .


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