terça-feira, 16 de abril de 2013

TARDE DE AUTÓGRAFOS COM JARDS MACALÉ NO RJ

O nosso querido cantor, compositor e ator Jards Macalé vai autografar seu CD 'Só morto', pelo selo Discobertas. A festa será na Livraria Cultura Cine Vitória, neste sábado (20/04), a partir das 15h. Vou aproveitar e  publicar neste post duas matérias que fiz com ele  para O DIA ONLINE na época do lançamento do CD 'Rua Real Grandeza' (2005), aproveitem porque essas matérias não estão mais na internet, só aqui no blog. Vale a pena  conferir, na primeira ele fala sobre a o início da carreira no espetáculo 'Mudando de Conversa', sobre seu trabalho como ator com Nelson Pereira dos Santos e até sobre o seu namoro com Maria Bethânia! Na segunda vocês conferem a crítica do disco com parcerias dele e seu amigo Waly Salomão.

 SERVIÇO:

Tarde de autógrafos do CD 'Só Morto' (1970, reedição Discobertas)
Dia: Sábado 20 de abril, às 15h
Local: Livraria Cultura Cine Vitória
Endereço: Rua Senador Dantas, 45
Estação: Cinelândia - Rio

Livraria Cultura:
http://www.livrariacultura.com.br/Produto/CD/SO-MORTO/42090697




Jards Macalé: 'Assisto 'Seinfeld' três vezes ao dia' 

Daniela Cálcia 


RIO - Jards Anet da Silva é um carioca nascido na Tijuca, aos pés do morro da Formiga e que aos oito anos de idade se mudou para Ipanema. O apelido  ganhou antes de completar dez anos de idade. Quando escapava da escola, ele jogava futebol na praia e os amigos o chamavam de Macalé, nome do pior jogador do Botafogo na época. Jards passou por várias fases da música: acompanhou Nora Ney, Ciro Monteiro, Clementina de Jesus e Elton Medeiros no espetáculo "Mudando de Conversa"; fez música com Capinam e Waly Salomão e foi gravado por Elizeth Cardoso, Nara Leão,  Gal Costa, O Rappa, Marcelo Nova (Camisa de Vênus) e Vulgue Tostói. Jards conversou com O Dia Online e abriu o jogo sobre suas intimidades como o namoro com a cantora Maria Bethânia, que participa do CD, lembrou a última vez em que conversou com o amigo Waly e revelou sua adoração ao seriado de TV "Seinfield".

O Dia Online -  Nara Leão, Elizeth Cardoso, Marcelo Nova (Camisa de Vênus), O Rappa, Adriana Calcanhoto e Gal Costa. Como é ter suas músicas gravadas  por gente tão diferente?

Jards Macalé - Musica é linguagem aberta, não tem caminhos definidos. Tango, bolero, valsa, tá tudo em aberto. O Vinícius de Moraes fez bossa-nova, samba e valsa. 

O Dia Online - Como foi sua participação no show "Mudando de Conversa" (1968), acompanhando Nora Ney, Ciro Monteiro, Clementina de Jesus e Elton Medeiros?

Jards Macalé - Aprendi a cantar com a Nora Ney. Ela me ensinou a respirar durante a música e a interpretar cada palavra com emoção. Qualquer coisa que entro é como se não soubesse nada. Encaro como uma escola. Cada pessoa tem algo para ensinar a alguém.

O Dia Online - Como foi seu encontro com os baianos?

Jards Macalé - O primeiro que conheci foi Caetano Veloso e quem me apresentou foi o Torquato Neto. Caetano estava musicando, no início da década de 60, o curta-metragem do Álvaro Guimarães, Moleques de Rua. A Anecy Rocha, irmã do Glauber, também trabalhava no filme.

O Dia Online - E a Bethânia? 

Jards Macalé - Nara viu Bethânia na Bahia e quando fez o show Opinião com Zé Keti e João do Valle, chamou-a para subistituí-la. Bethânia ficou na minha casa em Ipanema.  Peguei uma pneumonite e ficava deitado no quarto de minha avó. Bethânia cantava músicas para me ninar de Antônio Maria, Noel Rosa, Caetano e Cartola. Namoramos por um tempo.

O Dia Online -  Foi nesse mesmo tom de ninar que ela gravou a música "Berceuse Crioulle" em seu disco? Vocês namoraram por muito tempo?

Jards Macalé -  Sim, ela cantava dessa forma. Namoramos um bom tempo. Tem até uma cena nossa no filme do Júlio Bressane e do Eduardo Escorel, "Bethânia bem de perto", 1966. Aparecemos num Fusca com a Susana de moraes e minha mãe, indo para a estréia do "Cangaceiro".

O Dia Online -  Você trabalhou muito em cinema?

Jards Macalé - Fiz trilha sonora para filmes do Glauber (O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro), do Joaquim Pedro (Macunaíma), do Fontoura (Rainha Diaba) e outros.  Com o Nelson Pereira dos Santos (O Amuleto de Ogum/Tenda dos Milagres) trabalhei também como ator.

O Dia Online -  E sua ligação com Moreira da Silva? Quantas vezes ele te passou o chapéu?

Jards Macalé - Foi uma escola de brasilidade, ele é meu ídolo. Fizemos uma música juntos, no final da década de 70, quando fui preso, "Tira os Óculos e Recolhe o Homem". Ele esquecia e sempre me passava o chapéu de novo, até perdi a conta.

O Dia Online - E como foi sua ligação com John Cage, você até fez apresentações na Sala Cecília Meireles, tocando numa bacia com água?

Jards Macalé -  Foi um entusiasmo. Tinha que colocar as mãos em duas bacias com água, no primeiro dia molhei as cordas e desafinei os instrumentos. Na outra apresentação os músicos levaram capa e guarda-chuva. Pior foi o Grande Otelo, que tinha que dar três tiros na partitura e na hora ficou tão empolgado que foi pro meio da orquestra e matou o maestro Júlio Medalha.

O Dia Online - Como foi a última vez que você falou com Waly?

Jards Macalé -  Ele estava em Brasília e atendeu o telefone dizendo que não podia se aborrecer, tentei falar algo, mas ele disse que eu o estava aborrecendo e desligou...

O Dia Online - Como é a sua rotina? 

Jards Macalé - Acordo às 06h30. Tomo café na padaria e leio os jornais. Às 09h30 assisto ao primeiro episódio do seriado Seinfeld. Às 10h trabalho um pouco. Almoço ao meio-dia e às 13h30 assisto ao segundo episódio do Seinfeld. Toco violão, leio e fico esperando o último Seinfeld do dia: às 16h30. Depois assisto mais TV ou ligo pra perturbar o pessoal da Biscoito Fino.

O Dia Online - Você assiste três episódios iguais do Seinfeld por dia?

Jards Macalé - Sim. O primeiro estou com um pouco de sono. No segundo já estou mais atento. E o terceiro é pra fechar o dia com chave de ouro.

Foto: Divulgação/Biscoito Fino 

In memorian: Waly Salomão recita versos no disco de Jards Macalé  

Daniela Calcia 


RIO -  O cantor, compositor e ator Jards Macalé (Acima com Adriana Calcanhoto) está de volta em grande estilo e lança seu CD 'Rua Real Grandeza', pela gravadora Biscoito Fino, fruto de sua parceria com o amigo e poeta Waly Salomão, falecido em 2003. O CD é produzido pelo próprio Macalé e pelo maestro Cristóvão Bastos,  com a participação especial de Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Luiz Melodia, da banda Vulgue Tostói, entre outros.

Na abertura do disco uma supresa, a participação de Salomão na inédita 'Olho de Lince'. O poeta recita versos entre acordes dissonantes do violão de Jards e do piano de Cristóvão Bastos, temperados por uma cozinha marcial (Jorge Hélder/Jurim Moreira), revivendo o clima psicodélico dos anos 60/70. 

Mas o disco não está nem um pouco no passado. 'Vapor Barato' ganha releitura dark e eletrônica do grupo Vulgue Tostói, que tem a ver com o clima em que a música foi composta. Waly escreveu os versos após sair de uma sessão de tortura em pau-de-arara, numa prisão de São Paulo. Jards musicou, Gal gravou e "Vapor" atravessa décadas e décadas.

Outro sucesso na voz de Gal, 'Mal Secreto', ganha roupagem mais rock"n roll na voz e nas guitarras de Frejat. Jards navega também pelo reggae 'Negra Melodia' que fala do morro de São Carlos e do Largo do Estácio, com o auxílio luxuoso do próprio biografado Luiz Melodia, e das Gatas nos vocais. No instrumental o trio de músicos da Orquestra Imperial: Pedro Sá, Kassin e Domênico.

Adriana Calcanhoto faz dueto de voz e violão com Macalé em 'Anjo exterminado', que fala de um poeta que não consegue se livrar de uma paixão. Lembra o filme de Buñuel, "Anjo Exterminador", em que convidados ficam "presos" numa festa. 

A música que dá título ao disco, "Rua Real Grandeza", tem somente Jards na voz e violão. 'Senhor dos sábados' fala de um amor obsessivo em ritmo de bolero. Em "Dona do Castelo", Jards canta o amor de forma bem intimista, acompanhado por Cristóvão Bastos.

Maria Bethânia mostra todo o sentimento na canção de ninar, 'Berceuse Crioulle', ao som do piano de Bastos. "Revendo amigos" é um baião delicioso, com destaque pros sopros de Dirceu Leite. E o disco termina em clima de festa, As Gatas, backing vocals de quase todos os sambistas, entoam um ponto de macumba, "Ponto de Luz", com agogôs, afoxés e congas de Ovídio Brito e Chacal.

Foto: Daniela Calcia / Ag. O Dia.  

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