"A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?" traz interações e atividades criadas especialmente para o projeto, retratando temas como a casa, a natureza, o amor e os mistérios da vida emocional
Foto: Divulgação |
Com sua personalidade enigmática e uma linguagem poética e inovadora, Clarice Lispector (1920-1977) é, merecidamente, cultuada em todo o mundo como um dos maiores nomes da nossa literatura. Inspirado por suas obras, o Caminhão de Histórias, um caminhão-baú de 15 metros, adaptado para receber mostras culturais interativas, apresenta a exposição “A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?” baseada nos livros ‘A vida íntima de Laura’, ‘O mistério do coelho pensante’ e ‘A mulher que matou os peixes’. O projeto fica no Parque Madureira até 22/dez, das 10h às 17h, com entrada franca.
Com curadoria de Eucanaã Ferraz, poeta, consultor de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS) e professor de literatura brasileira na Faculdade de Letras da UFRJ, e com direção artística e cenografia de Daniela Thomas, cineasta, diretora teatral, dramaturga e cenógrafa, e intervenções artísticas dos artistas plásticos Maria Klabin, Marcela Cantuária, Raul Mourão e Mariana Valente, “A Casa que anda” apresentará atividades e reflexões sobre o universo infantojuvenil da criação de Clarice de Lispector a partir de histórias que dialogam com seus jovens leitores, despertando curiosidades sobre sentimentos e emoções, que evocam inúmeras reflexões.
Segundo Eucanaã Ferraz, “a obra de Clarice Lispector tem um raro poder de atração, não importando a idade e outros traços particulares de quem a lê. Sua palavra é, nesse sentido, universal. Não há dúvida de que associar a escrita com a materialidade das artes visuais e as experiências propriamente lúdicas será impactante para todos que passarem pela ‘Casa que anda’. Também é importante observar que a maior parte das narrativas de Clarice se passa nos ambientes domésticos e, desse modo, criar um ambiente de experiências sensoriais e estéticas numa ‘casa’ trará para mais perto do público o mundo mágico e atraente da autora”, ressalta o curador.
Sobre os livros infantojuvenis de Clarice Lispector
A exposição é inspirada em três livros infanto-juvenis de Clarice:
‘A vida íntima de Laura’: conta a história de Laura, a galinha que mais bota ovos em todo o galinheiro. Compondo uma personalidade cheia de nuances para sua personagem, Clarice diverte os pequenos sem subestimar sua inteligência.
‘O mistério do coelho pensante’: o sumiço de um simples coelhinho branco – quem diria! – inspira uma das mais instigantes histórias infantojuvenis de Clarice Lispector. Nesse livro a escritora discorre sobre profundas questões existenciais, na dose certa para a apreciação dos pequenos leitores. Qual a diferença entre "natureza humana" e "natureza de coelho"? Como a gente sai do terreno da necessidade para o da vontade e da criatividade? É possível um pensamento que seja também um sentimento e uma sensação?
‘A mulher que matou os peixes’: aqui a sintonia com os leitores é obtida a partir do endereçamento direto, e o texto anuncia-se como uma confissão da narradora (“Essa mulher que matou os peixes, infelizmente, sou eu”) e um pedido de perdão à humanidade. Suspenses são encontrados a partir de pequenas tramas, em que perdão e culpa se sucedem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário