Lynn mobilizou centenas de leitores, que transformaram sua passagem pelo festival numa das mais aclamadas da edição
 |
Lynn revelou que levou mais de 10 anos para ter um livro aceito por uma editora. Foto: Divulgação |
O segundo dia (14) da Bienal do Livro Rio 2025 teve muitos momentos emocionantes, e um deles foi protagonizado pela escritora norte-americana Lynn Painter, fenômeno do romance contemporâneo jovem, autora de títulos como “Melhor do que nos filmes”, “Apostando no amor, Amor por engano” e “Mil vezes amor”. Além de participar de um bate-papo no Palco Apoteose Shell, ela causou frisson ao fazer uma entrada de surpresa na mesa “Tropes Lovers”, que acontecia na Praça Além da Página Shell. Lynn mobilizou centenas de leitores, que transformaram sua passagem pelo festival numa das mais aclamadas da edição.
Logo no início da tarde, Lynn surpreendeu a plateia da mesa “Tropes Lovers”, mediada por Aione Simões, Wesley Souza e Laura Estevam. O painel discutia os clichês mais amados da literatura romântica, como fake dating, enemies to lovers efriends to lovers, com dinâmicas entre os fãs. Foi justamente nesse cenário de celebração afetiva que Lynn surgiu de forma inesperada.
O momento foi de pura alegria coletiva. Celulares em mãos, gritos e sorrisos. Lynn, visivelmente tocada, recebeu um vídeo com declarações de leitores brasileiros montado pela organização do evento.
“Não há leitores no mundo como os brasileiros. O Brasil é mágico”, afirmou.
Horas depois, Lynn subiu ao Palco Apoteose Shell para a mesa “Entra na Roda”, acompanhada das criadoras de conteúdo Ana Jú, Júlia Garcia e da escritora mineira Olívia Pilar. A plateia lotada, que reuniu leitores de todas as idades, vibrou quando a autora apareceu.
A mediação deu o tom: informal, divertida, íntima. A própria curadora do espaço, a escritora Clara Alves, resumiu a proposta da roda com precisão:
“A gente queria painéis tão divertidos quanto as histórias que amamos ler”.
Lynn abriu a conversa comentando o carinho que sente pelo Brasil. Essa foi sua terceira visita ao país.
“Todos os dias eu choro de felicidade porque fico pensando que esses personagens, que vieram só da minha cabeça, chegaram até vocês”, disse emocionada.
Questionada sobre como começou na escrita, Lynn revelou que levou mais de 10 anos para ter um livro aceito por uma editora:
“Escrevi muitos livros que não eram muito bons e foram rejeitados por um longo tempo, mais de dez anos. Mas se você continuar escrevendo, se for algo que você ama fazer, acontece”.
O conselho que deu aos aspirantes a escritores foi direto e afetuoso:
“Mesmo que você só tenha 20 minutos por dia, escreva. Todo dia. Um dia você termina seu primeiro livro. Ele pode não ser bom, mas você vai melhorar”.
A autora também detalhou seu processo criativo. Ao contrário do que muitos podem imaginar, ela escreve os primeiros rascunhos no silêncio.
“Mas quando eu estou fazendo o esboço, eu monto playlists. Primeiro por vibe, depois por cenas. Tipo: se o Wes está olhando para a Liz, essa é a música que estaria tocando”.
Quando perguntada com quem passaria um dia de praia no Rio, escolheu Emily, de The Do-Over. Já sua “melhor amiga” fictícia seria Sarah Bennett, irmã de Wes.
“Ela parece ser tão divertida!”.
Sobre possíveis continuações de seus romances, revelou que relutou antes de escrever Nothing Like the Movies, sequência de "Melhor do que nos filmes".
“Eu odeio sequências”, disse, arrancando risos. “Mas comecei a imaginar conflitos externos, e a história começou a surgir de novo”.
Lynn também respondeu à trend do TikTok sobre quais casais ela acha que se separariam depois do final do livro.
“Não posso, absolutamente não posso. Não vou escolher um, todos ficam juntos”.
A plateia comemorou com aplausos. Com estilo leve e apaixonado, Lynn explicou como insere referências da cultura pop em suas tramas:
“Às vezes vejo um filme, escuto uma música e penso: esse personagem ouviria isso”.
Ela também compartilhou o hábito de criar pastas no Pinterest com estética e moodboards dos personagens - uma técnica que muitos fãs já tentam repetir. Entre suas séries favoritas, citou Gilmore Girls, Friends e Bridgerton. Já sua música escolhida paracomemorar a terceira vinda ao Brasil, numa brincadeira inspirada no futebol, foi “Escorpião”, do cantor brasileiro Jão.
Uma das perguntas do público provocou empolgação: Lynn escreveria um livro ambientado no Brasil?
"Sim! Quer dizer, não tenho um em andamento, mas toda vez que venho aqui, penso: isso seria incrível. Então, sim, está aqui agora”, respondeu, apontando para a cabeça, o que arrancou mais risos e aplausos dos fãs.