O protótipo foi apresentado no Rio Boat Show, na Marina da Glória. Barco pronto será exibido pela primeira vez na COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em novembro, em Belém (PA)
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Foto: Divulgação |
“O hidrogênio verde não é o futuro, é o presente. Queremos provar que é viável navegar sem emitir carbono”, afirmou Ernani Paciornik, presidente do Grupo Náutica e que também comanda a JAQ, uma das unidades do grupo. A apresentação foi feita no painel “Transição Energética e COP30 - Desafios e caminhos para um futuro sustentável”, realizado na tarde de terça-feira (29), na Marina da Glória, durante o Rio Boat Show. Hoje, 80% das mercadorias comercializadas globalmente são transportadas por navios e a previsão da Organização das Nações Unidas (ONU) é que, até 2027, o comércio marítimo global cresça 2,1%.
Pesquisas indicam que os navios são, atualmente, uma das maiores fontes de poluição no setor de transporte, e um cruzeiro, por exemplo, emite, em média, o dobro de CO2 por passageiro comparado a um avião na mesma distância. Entretanto, um novo projeto brasileiro promete inaugurar uma nova era na transição energética náutica e naval no mundo, com a produção dos primeiros barcos movidos a hidrogênio verde produzido a bordo e com emissão zero de carbono. Liderada pelo JAQ junto ao Itaipu Parquetec, centro referência na produção de hidrogênio verde (H2V) no Brasil, a iniciativa contempla a criação de duas embarcações, a Explorer H1 e a Explorer H2, ambas 100% sustentável. O protótipo da Explorer H1 também foi apresentado ao público durante o evento náutico, que segue até domingo (4). O barco pronto será exposto pela primeira vez na COP30, em novembro de 2025, em Belém (PA).
“A náutica sempre fez parte da minha vida e é nossa missão contribuir com soluções que impactam no desenvolvimento e também na sustentabilidade, não apenas no mundo náutico, mas também no setor naval de maneira mais ampla. Passei a entender melhor sobre o potencial do hidrogênio verde e enxergar como uma grande solução limpa para a indústria”, comenta Paciornik. “Como presidente de Grupo Náutica e de unidades como a Boat Show Eventos e a JAQ, que atuam nesse setor, tenho a convicção de que a sustentabilidade será o futuro”, completa.
De acordo com Paciornik, o projeto será estruturado em três fases distintas e conta com um investimento de cerca de R$ 150 milhões. A primeira fase contempla o lançamento da Explorer H1, uma embarcação que funcionará exclusivamente em exposições e terá suas áreas internas ‘alimentadas’ por hidrogênio verde, sem emissão de carbono. Na segunda fase, o mesmo modelo será adaptado para operar com motores híbridos: 20% de hidrogênio e 80% de óleo diesel. Essa mudança permitirá reduzir em até 80% as emissões de CO2 do barco. No entanto, durante essa fase, o Explorer H1 ainda precisará ser abastecido em postos de hidrogênio, já que não terá capacidade de produzir o combustível a bordo. Por fim, na terceira fase, prevista para o próximo ano, será lançado o Explorer H2, que terá a capacidade de extrair água do mar, dessalinizar e gerar on board o hidrogênio necessário para sua propulsão, operando assim de forma 100% sustentável e sem emissões de carbono.
“Nossa inovação é criar um sistema que gera hidrogênio diretamente do barco, o que é um grande desafio devido às condições do mar, como as ondas e o clima. O processo, chamado de eletrólise, começa com a água do mar. Primeiro, a água é dessalinizada, ou seja, o sal é retirado, e depois o hidrogênio é separado do oxigênio. Esse processo quebra a molécula de água, liberando oxigênio puro. Na sequência, o hidrogênio se une novamente ao oxigênio, o que gera eletricidade para o barco e a emissão de vapor de água, que torna o processo 100% limpo. Se o barco for movido por motores elétricos, essa energia vai para os motores. É um ciclo totalmente sustentável. E o mais importante: este é o primeiro sistema do mundo que faz isso a bordo de um barco”, explica Eduardo Colunna, diretor de Inovação Marítima do JAQ e presidente da Associação Náutica Acobar.
Conheça as embarcações
A embarcação Explorer H1, com 36 metros de comprimento, está equipada com um sistema de hidrojatos, projetado para navegação em águas rasas, e será a primeira a ser apresentada na COP30. Atualmente, encontra-se no estaleiro Inace, em Fortaleza (CE). A Explorer H2, com 50 metros de comprimento, está em fase de desenvolvimento no Estaleiro do Arpoador, no Guarujá (SP), e será destinada a apoiar operações de mergulho, além de realizar coleta de dados hidrográficos e oceanográficos. Este modelo contará com um motor da marca alemã MAN, que pode operar tanto com diesel quanto com hidrogênio. Após a apresentação da Explorer H1, a segunda fase do projeto será focada na conclusão e entrega da Explorer H2, com previsão para 2026.
Sobre o Grupo Náutica
Com mais de 40 anos de mercado, o Grupo Náutica traz soluções em inovação, sustentabilidade, infraestrutura, eventos e comunicação na área náutica. É formado pela Revista Náutica (https://www.nautica.com.br), pioneira e líder no setor; o Boat Show, mais importante salão náutico da América Latina com as edições de São Paulo, Itajaí, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Foz do Iguaçu; a Metalu, maior fabricante de píeres e passarelas em alumínio do mundo; e a JAQ Apoio Marítimo, com projetos inovadores focados em pesquisas e sustentabilidade. O grupo também se preocupa com as questões sociais e é detentora das ações “Só Jogue na Água o que Peixe pode Comer”, assinada pelo cartunista Ziraldo, e “Por Uma Cidade Navegável”, que busca a navegação em lugares inimagináveis, assim como desenvolve os principais Guias de Turismo Náutico do país.
https://www.gruponautica.com.
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